Segundo registros históricos, a casa da
família Lambert foi a primeira a ser construída em Santa Teresa por imigrantes
italianos. Ela data de 1875, mesmo ano da fundação do município. Inicialmente,
moraram nela os irmãos Antônio e Virgílio Lambert e a menina Hermínia, filha de
Virgílio, que vieram da Itália no mesmo ano.
A moradia foi construída com a taipa de mão
ou taipa de sebe, dispondo o ripado na diagonal. Nunca houve revestimento
externo e a cobertura era em duas águas, com tabuinhas de madeira. Ao longo dos
anos, a casa passou por algumas modificações, como a construção da cozinha, do
banheiro e da área de serviço. Além disso, a cobertura foi substituída por
telhado de zinco.
Parte da memória da imigração italiana e da
fundação do município de Santa Teresa foi resgatada com a reabertura da Casa
dos Lambert. A inauguração, após o restauro, se deu na administração do
Governador Paulo Hartung em 22/12/2010. Todo o trabalho, que transformou o
local em um centro de memória, foi feito pelo Governo do Estado, por meio da
Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com a Prefeitura Municipal.
O projeto do espaço, que foi feito pela
arquiteta restauradora Maria Cristina Coelho Duarte, buscou restabelecer a
integridade física da casa, e conservar os elementos que agregam valor
estético, possibilitando assim o acesso de toda a comunidade de Santa Teresa e
visitantes de outras cidades. A restauração representou um investimento de R$
410 mil.
Tombada em 1985, pelo Conselho Estadual de
Cultura (CEC), a Casa dos Lambert passará a funcionar de quarta-feira a
domingo, das 10 às 17 horas. Lá, o público poderá conhecer um pouco mais sobre
a chegada da colônia italiana no município, a partir da história dos irmãos
Lambert.
Objetos pessoais, doados pela família, vão
estar expostos nos ambientes da casa. A oficina construída no quintal, onde os
irmãos faziam suas esculturas e peças utilitárias, também foi recuperada e
estará aberta à visitação.
A história também será contada através de
vídeos, fotografias e objetos pessoais e de trabalho dos imigrantes. No segundo
andar a casa a escritora por Kátia Bobbio contará a. história da família por
meio de um cordel, intitulado Família Lambert em cordel, escrito em 1987. A
prefeitura de Santa Teresa fez um convênio com a entidade cultural Circolo
Trentino di Santa Teresa para administrar o espaço.
Foi no quintal da residência que os irmãos
começaram o cultivo do bicho-da-seda, em 1880. Antônio construiu uma roca para
a fabricação da seda, e logo a produção vingou, tornando-se reconhecida
internacionalmente. Tal fato rendeu para os Lambert a medalha de bronze numa
exposição em Berlim, Alemanha, em 1886, além de menção honrosa na Exposição
Universal de Paris, 1889.
Além da produção de seda, os irmãos Lambert
eram ótimos escultores. Antônio inclusive frequentou dois cursos na Academia de
Belas Artes de Veneza, na Itália, antes de se mudar para o Brasil.
Em 1898, Virgílio dedicou-se à construção da
capela, em frente à casa. As esculturas sacras, além da imagem de Nossa Senhora
da Imaculada Conceição, foram confeccionadas em madeira pelos próprios irmãos.
Antes de ser restaurada a escritora Sandra
Gasparini em seu livro sobre Santa Teresa em 2008 retratava que a Casa Lambert,
com parede em estuque, forro de madeira, sem reboco nas paredes e janelas de
madeira. Apresentava um bojo arredondado, conforme asa casas dos trentinos que
usam “focolare”, tipo uma lareira. Hoje no local funciona a cozinha do sobrado.
Essa área da casa foi descaracterizada. É uma construção tombada pelo
Patrimônio Cultural do Estado. Não é preservada. Há previsão de restauração
pela Secretaria de Cultura do Estado e Prefeitura de Santa Teresa/ ES. Fica
localizada no bairro São Lorenço, Santa Teresa / ES, ca. 1876.
Fontes: Secretaria da Cultura (Secult),
Jornal A tribuna de 19/12/2010, livro Santa Teresa – Viagem no Tempo 1873 a
2008 de Sandra Gasparini, Santa Teresa,2008.