domingo, 21 de maio de 2017

Casa dos Lambert

Segundo registros históricos, a casa da família Lambert foi a primeira a ser construída em Santa Teresa por imigrantes italianos. Ela data de 1875, mesmo ano da fundação do município. Inicialmente, moraram nela os irmãos Antônio e Virgílio Lambert e a menina Hermínia, filha de Virgílio, que vieram da Itália no mesmo ano.

A moradia foi construída com a taipa de mão ou taipa de sebe, dispondo o ripado na diagonal. Nunca houve revestimento externo e a cobertura era em duas águas, com tabuinhas de madeira. Ao longo dos anos, a casa passou por algumas modificações, como a construção da cozinha, do banheiro e da área de serviço. Além disso, a cobertura foi substituída por telhado de zinco.

Parte da memória da imigração italiana e da fundação do município de Santa Teresa foi resgatada com a reabertura da Casa dos Lambert. A inauguração, após o restauro, se deu na administração do Governador Paulo Hartung em 22/12/2010. Todo o trabalho, que transformou o local em um centro de memória, foi feito pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com a Prefeitura Municipal.

O projeto do espaço, que foi feito pela arquiteta restauradora Maria Cristina Coelho Duarte, buscou restabelecer a integridade física da casa, e conservar os elementos que agregam valor estético, possibilitando assim o acesso de toda a comunidade de Santa Teresa e visitantes de outras cidades. A restauração representou um investimento de R$ 410 mil.

Tombada em 1985, pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC), a Casa dos Lambert passará a funcionar de quarta-feira a domingo, das 10 às 17 horas. Lá, o público poderá conhecer um pouco mais sobre a chegada da colônia italiana no município, a partir da história dos irmãos Lambert.

Objetos pessoais, doados pela família, vão estar expostos nos ambientes da casa. A oficina construída no quintal, onde os irmãos faziam suas esculturas e peças utilitárias, também foi recuperada e estará aberta à visitação.

A história também será contada através de vídeos, fotografias e objetos pessoais e de trabalho dos imigrantes. No segundo andar a casa a escritora por Kátia Bobbio contará a. história da família por meio de um cordel, intitulado Família Lambert em cordel, escrito em 1987. A prefeitura de Santa Teresa fez um convênio com a entidade cultural Circolo Trentino di Santa Teresa para administrar o espaço.

Foi no quintal da residência que os irmãos começaram o cultivo do bicho-da-seda, em 1880. Antônio construiu uma roca para a fabricação da seda, e logo a produção vingou, tornando-se reconhecida internacionalmente. Tal fato rendeu para os Lambert a medalha de bronze numa exposição em Berlim, Alemanha, em 1886, além de menção honrosa na Exposição Universal de Paris, 1889.


Além da produção de seda, os irmãos Lambert eram ótimos escultores. Antônio inclusive frequentou dois cursos na Academia de Belas Artes de Veneza, na Itália, antes de se mudar para o Brasil.

Em 1898, Virgílio dedicou-se à construção da capela, em frente à casa. As esculturas sacras, além da imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, foram confeccionadas em madeira pelos próprios irmãos.

Antes de ser restaurada a escritora Sandra Gasparini em seu livro sobre Santa Teresa em 2008 retratava que a Casa Lambert, com parede em estuque, forro de madeira, sem reboco nas paredes e janelas de madeira. Apresentava um bojo arredondado, conforme asa casas dos trentinos que usam “focolare”, tipo uma lareira. Hoje no local funciona a cozinha do sobrado. Essa área da casa foi descaracterizada. É uma construção tombada pelo Patrimônio Cultural do Estado. Não é preservada. Há previsão de restauração pela Secretaria de Cultura do Estado e Prefeitura de Santa Teresa/ ES. Fica localizada no bairro São Lorenço, Santa Teresa / ES, ca. 1876.

Fontes: Secretaria da Cultura (Secult), Jornal A tribuna de 19/12/2010, livro Santa Teresa – Viagem no Tempo 1873 a 2008 de Sandra Gasparini, Santa Teresa,2008.



segunda-feira, 1 de maio de 2017

Igreja Matriz de Santa Teresa


História: Foi erguida onde no local inicialmente os moradores realizavam orações a Santa Teresa D’ávila, e essa é uma das versões a origem ao nome da cidade. Construída por imigrantes italianos, inicialmente era uma capela e em 1925 foi concluída a construção da igreja atual. A igreja passou por uma grande reforma entre 1986 e 1990 e foi retirado o altar principal, os afrescos da cúpula e as escadarias de acesso à porta principal.

Descrição Arquitetônica: É formada por três naves, na principal há quatro arcos em cada lado que a separa das naves laterais. Estas possuem quatro nichos em forma de oratórios, e acima deles a parede é vazada com pequenas colunas que permitem a entrada da luz natural. As paredes da nave principal são ornadas com quadros  da Via Crucis esculpidos em alto relevo. Na parte superior das paredes laterais existem quatro óculos com vitrais em forma de pétalas. O teto é ornado por dois lustres trabalhados com anjos em alto relevo. A capela Mor é antecedida por um arco com colunas laterais e capitéis florais torneados em dourado, formado por quatro arcos que sustentam a abóboda octagonal onde no cume existe entrada de luz por meio dos vitrais. É finalizado antes do altar mor por outro arco semelhante ao primeiro. Para acesso a capela-mor possuem dois degraus em mármore e uma mesa de consagração em madeira esculpida em alto relevo. No fundo do em um nicho em arco ficava originalmente o altar que foi retirado com a pintura de Cristo sendo arrebatado. As paredes do altar possuem borda com aproximadamente 50 cm em mármore. Onde existia o altar possui um óculo com vitrais branco em forma de pétalas. 

O tabernáculo onde localiza-se o sacrário é em madeira trabalhada e existem
pequenas janelas ogivais (uma em cada lado) com vitrais coloridos. A torre sineira parte do centro do frontão. Há um relógio, de data desconhecida, onde nas suas laterais dois nichos em formato de oratórios são utilizados para colocação das imagens sacras e acima pináculos triangulares os compõem. Acima das portas laterais existem dois alpendres com guarda corpo com colunatas em arco, que possuem nas extremidades dois nichos semelhantes ao da torre sineira. Na fachada lateral esquerda há o monumento ao Centenário da Imigração, com o nome das primeiras  famílias que chegaram ao município. A escadaria frontal que dá acesso a edificação foi completamente alterada, e seus balaústres substituídos por corrimão de metal.

Informações adicionais: Possui estado de bom estado de conservação. Sua visitação acontece durante todo o ano, sem necessidade de agendamento, e as visitas não são guiadas, e a entrada é gratuita.

Fonte: https://inventariosantateresa.wordpress.com/2013/09/29/igreja-matriz-de-santa-teresa/


Santa Teresa, a primeira colônia fundada por imigrantes italianos no Brasil

A história de Santa Teresa se inicia no ano de 1874, com a chegada da primeira leva de imigrantes italianos a bordo do navio a vela “La Sofia”, vindos do norte da Itália, por meio da Expedição Tabacchi.
Muitos fatores impulsionaram a emigração italiana, dos quais podemos citar: o desenvolvimento do capitalismo que expulsou boa parte dos camponeses do campo; a superpopulação; a falta de terras para cultivar devido ao reduzido tamanho dos terrenos; o relevo muitas vezes acidentado e o solo varrido por seguidas enchentes; os altos tributos; a insegurança e o medo em meio às guerras pela unificação; o redimensionamento das fronteiras com a Áustria; a miséria, a fome e as doenças que atingiam muitas famílias daquela região.
No mesmo período em que o Norte da Itália enfrentava tantos problemas, na Província do Espírito Santo, um cenário favorável a imigração se configurava. Na segunda metade do século XIX, o governo provincial desejava ocupar terras com imigrantes europeus e expandir a produção de café.  Assim a necessidade de mão de obra, disponibilidade de terras e um cenário político de paz (ausência de guerras), trouxeram milhares de italianos à Província do Espírito Santo e foi responsável também pela ocupação das terras que hoje formam o município de Santa Teresa.
O navio “La Sofia” chegou ao Porto de Vitória em 21 de fevereiro de 1874, com 386 famílias, com destino a Colônia de Nova Trento, hoje distrito de Santa Cruz, município de Aracruz – ES. Porém o empreendimento não prosperou devido às condições de vida oferecidas. Um grupo seguiu para as colônias do Sul do Brasil, enquanto outros 145 italianos, ficaram hospedados em barracões em Vitória, à espera de um destino até aceitarem a proposta do governo estadual para se instalarem na Colônia Imperial de Santa Leopoldina. Chegando a Colônia seguiram por trilhas abertas em meio à floresta, a pé ou no lombo de animais, até alcançarem os lotes que ocupariam no Núcleo do Timbuy, território do atual município de Santa Teresa – ES.
Oficialmente, a imigração italiana passou a ser incentivada pelo governo com a chegada do navio “Rivadavia”, que aportou em 31 de maio de 1875, com 150 famílias italianas, encaminhadas para Colônia de Santa Leopoldina, dentre as quais 60 famílias seguiram para o Núcleo Timbuy. Em 26 de junho de 1875 ocorreu o sorteio dos lotes territoriais.
As correntes migratórias provenientes da Itália permaneceram em maior quantidade até o início do século XX, mas também há relato de entrada de imigrantes no período entre guerras. Os colonos se dedicavam à agricultura, com destaque para o cultivo do café e grãos e algumas experiências bem sucedidas semelhantes às culturas do Trentino, tais como a videira e o bicho da seda.
O nome da cidade tem duas possíveis origens ou até mesmo uma união das duas situações. Uma delas provém da fé de uma das colonizadoras que, aos pés de uma árvore conhecida na região por Pau-Peba, fixou uma imagem de Santa Teresa, trazida da Itália. Na sombra dessa árvore se reuniam os colonizadores para suas orações. A segunda dá-se pelo fato da Estrada de Santa Teresa, que ligava Vitória (ES) a Coité (MG), cortar o Núcleo Timbuy.
A cultura do município carrega diversos traços relacionados à história das imigrações europeias, dentre elas: alemã,
Com base documental localizada no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo é possível afirmar que Santa Teresa é a Primeira Colônia de Imigrantes Italianos do Brasil, de maneira que a cidade já é reconhecida por meio da Lei Estadual Nº 10.378/15 como a Capital Estadual da Imigração Italiana e tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei de reconhece esse título em esfera federal.
Data de Fundação do Município: 26 de junho de 1875
Data da Emancipação do Município: 22 de fevereiro de 1891

População com descendência italiana no Município: aproximadamente 90% (Vice-consulado Italiano no Espírito Santo – 2010)

Fonte: http://turismo.santateresa.es.gov.br/dados-historicos/